Pontos onde a água é considerada ‘ruim’ diminuíram em 2016.
Estudo foi feito pela SOS Mata Atlântica.

Os dados divulgados pelo último relatório da ONG SOS Mata Atlântica mostram uma melhora na qualidade da água do Rio Tietê. Nas cidades do Alto Tietê, por onde o rio passa, apesar dos pontos onde a água é considerada “boa” terem diminuído, houve uma redução do índice “ruim” e uma estabilidade dos pontos onde a água é considerada “regular”.

Outra boa notícia apontada pelo relatório “25 anos de Mobilização – O retrato da qualidade da água e a evolução dos indicadores de impacto do Projeto Tietê” é que a mancha de poluição do rio se afastou da nascente e diminuiu a sua faixa de extensão. Hoje, o rio é considerado morto em 137 quilômetros.
O Rio Tietê nasce em Salesópolis e percorre uma exstensão de quase 1,1 mil quilômetros até desaguar no Rio Paraná, na cidade de Itapura, no interior de São Paulo.

O relatório traz uma comparação da qualidade da água nos anos de 2014, 2015 e 2016. Foram feitas coletas mensais em 121 pontos fixos, em 20 cidades diferentes. Água de outros córregos que desaguam no Rio Tietê também foram analisadas. A classificação – que vai de boa até péssima – é feita de acordo com a quantidade de oxigênio presente na água.

Em Salesópolis, cidade que abriga a nascente do Rio Tietê, existem dois pontos fixos de coleta de amostras de água. Por lá a qualidade da água foi considerada boa no último levantamento. Na próxima cidade por onde o rio passa, em Biritiba Mirim, o índice de qualidade “boa” se manteve estável nos últimos três anos. Já em Mogi das Cruzes, a qualidade da água oscila entre “ruim” e “regular”. No ano passado, o rio era considerado morto na cidade devido à grande quantidade de poluição e ausência de oxigênio na água.

Quando o Rio Tietê chega em Suzano, a qualidade da água varia entre “ruim” e “regular”. No ponto de coleta próximo ao Parque Ecológico do Rio Tietê, em Itaquaquecetuba, o rio apresenta qualidade “péssima”, ou seja, a quantidade de oxigênio na água é igual ou menor a 1,5 miligrama por litro.

No total dos 121 pontos fixos de coleta, apenas cinco apresentaram qualidade da água “boa”. Em 59 locais o índice foi considerado regular. Em mais de 50% dos trechos do rio analisados, a qualidade da água é considerada inadequada para consumo, uma vez que, a análise mostra que em 57 pontos a água está com índices “ruim” ou “péssimo”.

Nadja Soares, bióloga e membro da ONG SOS Mata Atlântica, explica que o relatório conclui que houve uma melhora na qualidade da água por conta do aumento da quantidade de chuvas. “Observamos que muitos pontos onde a água era considerada péssima ou ruim tiveram uma melhora por conta das chuvas. O esgoto, que ainda é lançado no rio, se diluiu numa quantidade maior de água. Ano passado, por exemplo, o rio era considerado ruim em Cocuera. Nesse ano ele já é considerado regular. É claro que isso oscila, mas as chuvas ajudaram nesse resultado”, explica.

Vegetação
Em 25 anos de monitoramento do Rio Tietê, esta é a primeira vez que a SOS Mata Atlântica cruzou os resultados do monitoramento com os dados do Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. A avaliação da atual da cobertura florestal da Mata Atlântica na bacia hidrográfica do Tietê mostra que restam nos municípios apenas 7% de Mata Atlântica – 310 mil hectares frente aos 4.234 mil hectares originais.
Os municípios do Alto Tietê, juntos, contabilizam 121.548 hectares de mata preservada, o que correspondem à 21% do território da região, segundo a SOS Mata Atlântica.

Nadja acredita que, se as áreas de vegetação próximas ao curso do rio e dos seus afluentes fossem preservadas, a qualidade da água melhoraria significadamente. “Essa relação entre floresta e água já é conhecida dentro da questão ecológica: quanto maior a vegetação em torno de um reservatório, você vai ter uma melhor qualidade de água e um melhor volume de água. A vegetação não só purifica, mas também melhora a quantidade de água. Essa melhora que observamos é por conta das chuvas porque, infelizmente, não tivemos um aumento da camada vegetal.”

Na Represa de Paraitinga, por exemplo, o projeto Nascentes previa o plantio de 141 mil mudas no trecho de Salesópolis. O Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) reduziu a quantidade para 110 mil mudas e até agosto tinham sido cultivadas 36 mil mudas. A quantidade é muito abaixo dos cálculos do ambientalista Hélder Wuo, que estimou em 1 milhão o número de mudas que deveriam ser plantadas no reservatório para ajudar na recuperação do seu volume.

Além da não preservação das áreas de matas ciliares, a bióloga ressalta o aumento dos índices de desmatamento na região. “Quanto maior a impermeabilização do solo, menor é a alimentação de água no lençol freático. Quando chove, a terra retém a água que vai para o lençol freático. Uma região que foi devastada e recebeu vegetação de pasto ou rasteira não está nas características de floresta, elas foram impermeabilizadas”, explica.

Fonte: https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano

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